
Amigos, um poema esquecido no fundo de qualquer relicário...
Casa dos espelhos
prefiro crianças alérgicas
à tapinhas nos ombros.
só porque tenho a certeza que a coceira que sentes, menina,
foi eu quem te dei. e mesmo que não,
deixe que eu pense!
sentada nos bancos da escola,
essa a quem prefiro chamar de charme.
fingindo-me acreditar em raras coisas do pensamento.
que é a realidade?
a porrada avassaladora nas costas?
ou as palavras que desfilam em sua pele nua a coçar ensejos?
(desejos anticlericais. quase todos impublicáveis
e imperdoáveis como é de praxe)
detesto conceitos e essa dialética fresca
mas tudo faria sentido insuportavelmente
se pudesse descobrir seu último segredo?
prefiro crianças descalças, pés no chão,
deixando-me fotografar seus recreios
deixando-me sobrevoar suas poucas certezas
reféns no amor: esse sentir sem um porquê de não se saber.
brinquem com espelhos, crianças!
pois mais cedo ou mais tarde
descobrirão a sorte: fim das possibilidades
começo de quem cogita
acaso bom de qualquer caso.
quando muitos minutos separarem a chegada da partida
poderão dizer (crianças) que encontraram a saudade.
que é saudade? se um dia a sentirem basta.
ardência melhor que qualquer esquecimento de ontens;
relevantes, se vierem a calhar,
sobre a mesa de incertezas
passadas salgadas
gozadas
seminuas lisas
melhor que qualquer charme (e tudo são charmes!)
fel gostoso da boca
doçura perfeita
doce perfeição: detalhe mitificador? ou já mitificado?
lembranças acesas numa certa escuridão medrosa.
prefiro crianças como você, menina puta,
que dorme e também sonha
displincentemente
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